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07/02/2016

Falando sobre TDAH – 5

O medicamento vai me "curar" do TDAH?

Quando você está incomodado com alguma coisa, sofrendo, você quer resolver logo o desconforto. Aí vem alguém e diz que tem um remédio que resolve! Só que TDAH não é uma “doença” no sentido estrito da palavra. É considerado um transtorno do neurodesenvolvimento. É parte de quem você é. O medicamento vai atuar sobre o seu lado fisiológico e vai “normalizar” o seu cérebro apenas temporariamente, enquanto você estiver sob o efeito da droga.
Um tratamento mais efetivo e que tenha um efeito prolongado deve ser através da combinação da medicação, tratamento psicológico, com modificações do comportamento e mudanças no seu ambiente. Só assim você conseguirá perceber uma mudança efetiva na sua forma de viver e ver o mundo. Dá trabalho, mas vale a pena.
Entendendo como o seu cérebro funciona você vai conseguir traçar estratégias para lidar com esta desordem.

Descobrindo estratégias para lidar com o TDAH

Você vai criar seus próprios sistemas para controlar seus sintomas, dos mais simples aos mais complexos, desde que funcionem para você. Fazer listas, colar post-its, colocar relógios pela casa, criar alarmes.
TDAHEncontrar o ambiente onde seu cérebro funcione melhor, seja ouvindo música, em silêncio ou com a tv ligada. Cada pessoa é única e você é quem sabe o que funciona para você.
A procrastinação é um problema para a pessoa com TDAH. Realizar uma tarefa que exija planejamento para obtenção de um objetivo futuro requer um esforço hercúleo.
- Como vou escrever meu artigo da pós-graduação? Só tenho que entregar daqui a três meses. Ele não me parece real agora.
TDAHAs coisas têm que ser aqui e agora. É complicado para quem tem TDAH se organizar em etapas a serem cumpridas ao longo do tempo. Você pode subestimar o prazo para escrever seu artigo.Então é mais provável que você escreva seu artigo somente quando cobrado pelo seu orientador ou então todo ele em um único fim de semana, sem parar para respirar. 

Descontrole emocional

O TDAH é uma desordem que atinge o auto-controle. Você tem dificuldades em lidar com emoções mais fortes. Tanto as emoções ruins quanto as boas podem desorientá-lo. Assim como a perda do emprego, estar excitado porque vai se encontrar pela primeira vez com alguém interessante são fatos que podem desorganizar o seu dia. Daí a necessidade da terapia, para aprender a manejar e conviver com estes sentimentos.
procure ajudaSe você tem TDAH provavelmente vai ter por toda a sua vida. Segundo Murphy*, aproximadamente 80% das pessoas diagnosticadas quando crianças continuam a sê-lo quando adultos. Mas muitas pessoas encontram as estratégias mais adequadas para reduzir os sintomas e continuar vivendo suas vidas.
Procure ajuda.
Um psicólogo Cognitivo-Comportamental poderá auxiliá-lo a encontrar os recursos e ferramentas que o ajudarão a administrar seus sintomas e viver plenamente.




Referência: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Manual para Diagnóstico e Tratamento – 3ª edição - Por Russell A. Barkley e colaboradores



*As informações contidas nesta publicação não substituem a avaliação de um profissional da área da saúde mental.

Falando sobre TDAH – 4

É difícil controlar a Impulsividade

Você sabe o que tem que fazer, mas quando vê está fazendo alguma outra coisa, com a qual vai ter mais satisfação ou um prazer mais imediato. Depois, de duas uma: ou você fica se culpando por não ter cumprido com sua obrigação ou racionaliza o porquê de ter agido daquela forma, tentando legitimar seu comportamento para si e para os outros. Controlar os seus impulsos é complicado. Mas isso, infelizmente, não é só questão de força de vontade. A habilidade de se controlar e manter o foco é difícil para quem tem TDAH. O seu cérebro deixa a desejar neste quesito, por isso é chamado de desordem (atrapalha a sua vida!). O seu esforço precisa ser um pouco maior. Não desanime da primeira vez, continue tentando se controlar. É possível.

O que eu vim fazer aqui?

TDAHOutro problema que a falta de capacidade de manter o foco pode trazer é afetar a sua memória de trabalho. Sabe aquele momento em que você olha para o computador e se pergunta: Por que eu liguei este troço? Você pode se esquecer o que estava fazendo, qual o seu objetivo naquele momento ou qual o passo a passo você tem que tomar para chegar lá. Você se distrai por um momento com o que está em volta de você, entra no seu quarto e “BANG!” :
– O que eu estou fazendo aqui, mesmo?!
Você não esquece o que você fez, você esquece o que está fazendo! Isto é déficit de atenção. É muito útil criar dicas que te lembrem do que está fazendo, principalmente no trabalho, escrever cada passo do vai fazer e ir riscando, por exemplo.

Faça do relógio seu amigo

Aí, você tem que chegar no trabalho às oito. Acorda às 6 horas (tempo de sobra, pois leva apenas 15 minutos para chegar lá) e chega atrasado! De acordo com os experts as pessoas com TDAH tem problemas em compreender a passagem do tempo. Para eles é fácil se perder no tempo, subestimar quanto tempo vai levar para realizar determinada tarefa, achando que vai dar, por exemplo, para molhar as plantas antes de sair de casa. É difícil estimar o tempo de cada coisa que vai fazer e cortar algumas quando você precisa sair. Peça ajuda para criar formas de controlar o seu tempo, quando necessário. Coloque alarmes para avisá-lo, momentos antes de sair de casa. Use relógios no máximo de cômodos possível e consulte-os.
Pense em alternativas que funcionem para você. Peça ajuda para descobrir novas formas de lidar com a rotina e lograr êxito contra os sintomas do TDAH.



Referência: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Manual para Diagnóstico e Tratamento – 3ª edição - Por Russell A. Barkley e colaboradores



*As informações contidas nesta publicação não substituem a avaliação de um profissional da área da saúde mental.

Falando sobre TDAH – 3

Você é inteligente!
De tanto você ouvir as pessoas falarem que você é burro ou “menos inteligente” você acabou acreditanto. Mas você consegue entender e reter o conhecimento tão bem quanto qualquer outra pessoa. Talvez até melhor do que a maioria. Só que focar e prestar atenção naquela aula chata às vezes é difícil. Ou colocar em ordem o que aprendeu para redigir aquele texto ou montar aquela maquete é quase impossível.
Barkley, um estudioso do TDAH diz que “O TDAH não é uma desordem do saber o que fazer, é uma desordem de não fazer o que você sabe”.
Desatenção - divagando
Escola e Trabalho
Os problemas na escola e no trabalho geralmente não são decorrentes da falta de conhecimento ou de inteligência, são reflexos dos sintomas do TDAH, como por exemplo, não conseguir manter o foco, ter a atenção interrompida por qualquer detalhe, esquecimento de material em casa ou problemas na organização do tempo.
Quando você tem TDAH e faz alguma coisa bem feita, às vezes fica aquela sensação de talvez não possa repetir sua performance. Você pode ficar com medo de não conseguir fazê-lo de novo e ser chamado de preguiçoso ou desajeitado e sentir-se menosprezado e desmoralizado. Talvez por isso as pessoas com esta desordem geralmente não se arriscam em em seus trabalhos e preferem se ater àqueles objetivos que são seguros e previsíveis. E isto muitas vezes os impedem de correr atrás do que realmente desejam na vida.

O TDAH afeta toda a sua vida

DistraçãoMas outros segmentos da sua vida podem ser afetados pelo TDAH, não apenas a escola e o trabalho. Fica um pouco complicado administrar seu rendimento nos esportes (principalmente os coletivos), sua vida social, sua carreira, suas finanças e até em sua vida afetiva e sexual. Isto acontece porque em alguns momentos você parece estar prestando atenção a tudo o que acontece ao seu redor, ao mesmo tempo e não consegue “decidir” o que realmente é importante naquele momento. Mas, em compensação, em outros momentos você fica tão focado em determinada coisa que esquece que há outras, às vezes mais necessárias (praticamente falando) a serem feitas. Quando por exemplo você tem que terminar aquele artigo para entregar amanhã mas teima em desmontar o computador e limpar peça por peça antes, virando a noite fazendo um trabalho que poderia ter terminado antes da 10 horas da noite.
Procure um profissional que o ajude a aprender a se organizar o seu tempo, estabelecer prioridades e encontrar lembretes que funcionem para você.




Referência: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Manual para Diagnóstico e Tratamento – 3ª edição - Por Russell A. Barkley e colaboradores



*As informações contidas nesta publicação não substituem a avaliação de um profissional da área da saúde mental.

Falando sobre TDAH – 2

Será que você tem TDAH?

Você é uma daquelas pessoa que sofreu durante toda a sua vida, lutando contra o que acha ser um defeito de carater, sendo apontada e sentindo-se culpada por não conseguir atingir os padrões exigidos pelas pessoas “perfeitas” ao seu redor?
É a eterna comparação da família entre você e o seu irmão ou primo “certinho”, que nunca chega atrasado, está sempre limpinho, nunca perde nada e tira as melhores notas. Você se compara ao colega da faculdade que parece fazer os trabalhos sem esforço, sabe tudo na hora das provas e consegue tirar os seminários de letra enquanto você vira a noite estudando para tirar uma nota razoável. Ao colega de trabalho que está sempre com a mesa limpa e os relatórios em dia e você tendo que pedir um prazo extra e sua mesa sempre bagunçada por mais que arrume...

Desordem do Neurodesenvolvimento

E se você descobrisse que este pretenso “defeito” nada mais é do que um desordem neurológica plenamente tratável? Que é uma condição fisiológica. Que você não é preguiçoso, nem desrespeitoso ou desleixado? E tem tratamento.
Na pessoa com TDAH o cérebro funciona de forma diferente. Ele funciona mais “rápido” e isso deveria ser uma coisa boa, certo? Só que nem sempre ele vai na direção que você gostaria que ele fosse... E isto pode deixar você aborrecido, às vezes. Afeta várias áreas da sua vida, como por exemplo a memória, capacidade de controle emocional, automonitoramento, inibição, auto-estima, motivação, planejamento ou resolução de problemas.
Muita gente pensa que apenas as crianças têm TDAH. Mas não é assim. Uma criança hiperativa pode se tornar um adulto desatento ou uma pessoa que apresente a forma mista pode passar a apresentar a forma desatenta ou hiperativa, ou vice-versa. Esta mudança dos sintomas ao longo do tempo pode tornar o diagnóstico de TDAH um pouco mais difícil. Sem contar que estes mesmos sintomas podem ser confundidos com os de outros transtornos como ansiedade, depressão ou abuso de substâncias. Este último, por sinal, frequente em pessoas que apresentam características de TDAH. Portanto, procurar um profissional sério e de confiança é essencial.

 

 



Referência: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Manual para Diagnóstico e Tratamento – 3ª edição - Por Russell A. Barkley e colaboradores


*As informações contidas nesta publicação não substituem a avaliação de um profissional da área da saúde mental.

Falando sobre TDAH

 Você sabe o que é TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade)?

Segundo o DSM 5* “O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com a idade ou o nível de desenvolvimento. Hiperatividade-impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação, incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e incapacidade de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou nível de desenvolvimento.”
Ter este transtorno pode ser doloroso, principalmente se você não sabe do que se trata. Esta série de artigos busca elucidar um pouco sobre o assunto e, espero orientar e minimizar o sofrimento da pessoa com TDAH.
Transtorno do Déficit de Atenção/hiperatividade


Alguns esclarecimentos sobre o que é ter TDAH**:

- “É saber quanto tempo demora para se arrumar para sair de casa pela manhã, mas não ser capaz de dizer quanto tempo passou até já estar atrasado.
- É reparar em cada pequeno detalhe em um ambiente, mas ter problema para focar naquela coisa para a qual você realmente deveria estar olhando.
- É estar exausto no final do dia, mas estar super “pilhado” em seus pensamentos para conseguir cair no sono.
- É esforçar-se para levar sua vida de uma maneira “normal”, mas temer que as outras pessoa não reconheçam seu sofrimento como uma desordem legítima.
- É saber que você precisa fazer outra coisa mais importante, mas estar muito hiper-focado no que você está fazendo e não conseguir “desapegar”.
- É ouvir todas as instruções, entendê-las, mas não conseguir retê-las na cabeça por tempo bastante para usá-las.
- É tentar fazer um monte de coisas ao mesmo tempo e não ser capaz de terminar nenhuma delas.
- É saber que você tem uma tarefa de longo prazo para cumprir, mas não conseguir traçar estratégias para realizá-la.
- É ter uma resposta brilhante no fundo de sua mente, mas demorar tanto tempo para acessá-la que outra pessoa responde primeiro.
- É ter, frequentemente, grandes ideias, mas falhar em trabalhar com eficiência para realizá-las.
- É, ao manter uma conversa em público, ouvir cada pequeno barulho, menos a voz da pessoa com quem está falando.
- É saber que você sempre precisa de seu celular, chaves e documentos antes de sair de casa, mas ainda assim, ter que procurá-los toda vez que vai sair de casa.
- É querer controlar suas emoções, mas só perceber que necessita após ter um “ataque de nervos”.
- É achar completamente chato o que está em frente a você, mas interessado nos pensamentos abstratos que estão circulando pela sua mente.
- É não conseguir ficar parado assistindo uma aula ou palestra, sempre sendo aquele que levanxta para beber uma água ou café ou ir ao banheiro.
- é saber que você não deveria interromper alguém, mas não conseguir se conter e falar alto.
- É estar excitado sobre fazer planos com alguém que você ama, mas esquecer de fazê-lo, porque não escreveu.
- É saber que é inteligente, mas se sentir burro sempre porque tem problemas em traduzir seus pensamentos em palavras.
- É saber que você precisa de um ambiente específico para poder trabalhar, mas não querer pedir acomodações especiais.
- É sentir que nunca consegue terminar nada, por estar muito distraído.
- É querer tomar o controle da sua vida e alcançar seus sonhos, mas sentir como se o TDAH fosse mais forte do que você...”
                                               Mas não é.

falando sobre TDAH
Sentimentos de frustração e desesperança podem ser vencidos. Há muitos recursos que podem ajudá-lo a lidar com seus sintomas. Para isto, o primeiro passo é entender como funciona esta desordem.
O TDAH existe na infância e pode se estender à vida adulta. Pode se apresentar em forma de desatenção, hiperatividade e na forma combinada, quando os dois tipos aparecem juntos.
No DSM-5* existem vários critérios que, caso persistam por mais de 6 meses, vão servir para a caracterização da pessoa com TDAH.
Mas o que realmente é ter TDAH? Será que podemos generalizar e achar que  toda pessoa diagnosticada com TDAH é igual? Será que meu filho tem TDAH? Será que eu tenho TDAH? Como se sente alguém com TDAH? Há tratamento? Cura? Como funciona a medicação e para que ela serve? Quem poderá me ajudar? J
Vou tentar responder estas e outras perguntas. Caso não consiga, me digam! A gente procura outras respostas ou tenta explicar de forma diferente!
  


*Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que está na sua 5ª Edição (DSM-5), é utilizado pelos profissionais que tratam da saúde mental para diagnosticar seus pacientes.


**Adaptado livremente do artigo “23 Things No One Tells You About Having ADHD”, link -http://www.buzzfeed.com/carolinekee/17-things-no-one-tells-you-about-having-adhd#.urABVeGa2


As informações contidas nesta publicação não substituem a avaliação de um profissional da área da saúde mental.